Não confunda santificação com legalismo

Aprendi com o saudoso pregador Valdir Nunes Bícego que quatro coisas acontecem quando se prega a respeito da santificação:
(a) Ouvimos poucas glórias a Deus.
(b) Os crentes artificiais ficam inquietos.
(c) Os fiéis dizem: “Fala, Senhor, que o teu servo ouve”.
(d) Os demônios ficam apavorados.

Mas, o que é a santificação?
Nos tempos veterotestamentários, a condição para ser abençoado por Deus era ter uma vida santificada, separada do mundo (Lv 11.44; Js 3.5; 2 Cr 7.14). No Novo Testamento vemos que a condição para que as promessas do Senhor sejam confirmadas em nossa vida continua sendo a mesma: afastar-se da vida pecaminosa (1 Ts 4.7; 5.23; Hb 12.14), não se conformando com o mundo (Rm 12.1,2).

Entretanto, muitos crentes, por ausência de ensino ou falta de obediência, estão confundindo santificação com legalismo. Vestem-se de modo simplório, de propósito, e não por que não tenham condições de se trajar melhor. Falam baixinho, ficam com o semblante descaído... Outros se preocupam demasiadamente com medidas das roupas, afirmando que o diâmetro da barra da calça, a largura da gravada e do cinto, a espessura do salto do sapato devem ter “tantos” centímetros... Seria isso uma demonstração de vida santa?


A Palavra de Deus alerta quanto às falsas doutrinas de homens, fundamentadas em ensinamentos extremados, como: “não toques, não proves, não manuseies” (Cl 2.20-22). Não atentando para isso, certo irmão afirmou que, no Arrebatamento da Igreja, os crentes que estiverem tomando banho não subirão! Por quê? Simplesmente, por estarem nus!


Houve um tempo em que não se podia usar perfume, pois diziam certos irmãos
que se consideravam santos: “Nós já temos o perfume de Cristo”. Ora, não foram eles ensinados que o bom cheiro de Cristo, ao qual se referiu Paulo em 2 Coríntios 2.14-17, é no sentido espiritual? E quanto à televisão, ao computador e à Internet? Bem, no tempo em que essas coisas não existiam, quem era o vilão? O rádio! Diziam alguns “santos”: “O rádio é a caixa do diabo!” Mas o tempo passou, o mundo evoluiu, e ficou demonstrado que o extremismo não foi o melhor caminho...

Em nossos dias, muita gente pensa que santificação é maltratar o corpo, subjugá-lo com sacrifícios exagerados. Deus não se agrada disso (1 Sm 15.22; Ec 5.1). Ele quer obediência aos seus preceitos. Viver uma vida de santificação também não implica viver sem tentação (Mt 4.1-11) nem estar imune ao pecado (1 Co 10.12). Significa, antes, ter poder para dominar o pecado (Rm 6.14).


Santificação também não consiste em isolar-se. A pessoa mais santa que andou na terra foi o Deus-Homem, o Senhor Jesus. E, onde o encontravam, frequentemente? No meio de pecadores (Lc 5.27-32; Jo 2.1-11). Assentar-se na roda dos escarnecedores não é apenas estar entre eles, e sim tomar parte em suas prevaricações (Sl 1.1; Is 6.1-8). Como luz do mundo (Mt 5.14-16), a qual deve brilhar em meio às trevas (Fp 2.15), não podemos nos isolar da sociedade, mas influenciá-la com o bom cheiro de Cristo.


Ciro Sanches Zibordi

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