Carta aberta ao doutor Drauzio Varella


Prezado doutor Drauzio Varella, respeito muitíssimo o senhor como médico. Suas instruções, em programas de TV e na Internet, são excelentes e ajudam as pessoas a terem uma vida mais sadia.

Acabei de ler o seu artigo “Violência contra homossexuais”, em seu site. Gostei de boa parte das suas argumentações e considerei que, de forma geral, a sua abordagem como médico sobre esse assunto cercado de tanta polêmica foi bastante equilibrada.


O senhor está correto ao considerar abusiva a conduta de pastores que querem forçar os homossexuais a serem heterossexuais. E devo lhe dizer, inclusive, que os pastores que se prezam jamais interferem desse modo na vida das pessoas. Eles tão-somente pregam em tese, e não de modo direcionado, ofensivo e ridicularizante, a respeito do que é certo ou errado à luz da Bíblia.


Entretanto, com todo o respeito, gostaria de contestar uma parte do seu artigo. Ei-la: “A sexualidade não admite opções, simplesmente é. Podemos controlar nosso comportamento; o desejo, jamais. O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira”.


De fato, a sexualidade não admite opções. O ser humano não escolhe se será homem ou mulher. Ele nasce menino ou menina. Quanto à homossexualidade, penso que não deve ser equiparada à masculinidade ou à feminilidade. Digo isso, não por preconceito, e sim por causa da própria fisiologia. Afinal, a mulher grávida, quando vai fazer a ultrassonografia, ela quer saber se o seu filho é macho ou fêmea, não é mesmo?


Pelo que tenho pesquisado, há vários fatores que podem contribuir para a manifestação do comportamento homossexual, ao longo da vida. Mas nenhum cientista conseguiu comprovar que a homossexualidade está ligada à genética. Não existe gene gay.


Reconheço, por outro lado, que existe a possibilidade de alteração de gene, decorrente de maus tratos na infância, por exemplo, fazendo com que o infante ou o adolescente venha a adotar um comportamento que não corresponda à sua fisiologia. Mas isso não significa que alguém já nasça homossexual.


O senhor também disse, de modo poético, que podemos controlar o nosso comportamento, mas não o nosso desejo: “O desejo brota da alma humana, indomável como a água que despenca da cachoeira”. Com toda a sinceridade, considero muito perigoso esse raciocínio e explico por quê.


Muitos psicopatas têm o desejo de matar, não é mesmo? E o estuprador? Também tem o desejo de violentar mulheres. Da mesma forma, os pedófilos e efebófilos têm desejo de abusar de crianças e adolescentes. E assim por diante.


Por conseguinte, se considerarmos — com base na tese de que o desejo é indomável
como a água que despenca da cachoeira — que o ser humano, por causa disso, tem liberdade para agir conforme o seu desejo, por que temos ojeriza dos psicopatas, estupradores, pedófilos e efebófilos, e queremos que eles sejam condenados por seus atos?! Afinal, o desejo é indomável como a água que despenca da cachoeira. Como controlá-lo?

Vou exagerar um pouco agora. Digamos que pedófilos e efebófilos, aproveitando-se do precedente aberto pelo STF, ao liberar a passeata pela legalização das drogas, se reúnam em uma grande passeata na Avenida Paulista, em São Paulo, com cartazes, serviço de som, e comecem a gritar: “Estamos cansados de ser discriminados neste país! Pedimos cadeia aos fundamentalistas religiosos que pregam o preconceito pedofilófobo e efebofilófogo. Nós não escolhemos ser pedófilos e efebófilos, pois o nosso desejo é indomável como a água que despenca da cachoeira”. Estarão eles certos em sua reivindicação?


Caro doutor, parece um grande exagero o que estou falando, mas não estou comparando
isto com aquilo. Apenas quero lhe dizer que, para mim, é evidente que a sua tese é frágil e facilmente refutável. Reconheço que o senhor recebeu do Criador uma inteligência acima da média e não quero, de modo algum, ofendê-lo. Por isso, com todo o respeito — reitero —, peço-lhe que reveja a sua posição, a fim de que não incorra em simplismo e preconceito contra os evangélicos e católicos.

Cordialmente,


Ciro Sanches Zibordi

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