Algumas coisas nunca saem de minha cabeça, e uma delas aconteceu no dia 13 de Outubro de 1995, me lembro bem, ao chegar da faculdade, cansado como sempre, liguei a televisão na TV Globo, mais especificamente no Jornal Nacional e me deparei com a notícia anunciada por Cid Moreira,que um Pastor da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), no dia anterior, 12 de Outubro, dia de Aparecida considerada pelos católicos a "padroeira do Brasil" em um programa da Rede Record, havia chutado a imagem da dita santa.
Diante do inusitado fato, como evangélico, embora vivendo a época tantos dilemas na minha fé, tive a impressão inicial que realmente era só uma imagem, contudo, a primeira impressão foi substituída pela idéia de intolerância com a fé alheia, e, fiquei me indagando: Se fosse a Bíblia sendo rasgada em pleno programa televisivo como me sentiria?
O Pastor na verdade é o bispo Sérgio von Helder, o episódio ficou conhecido como o "chute na santa", onde o referido clérigo da IURD, pregando contra a idolatria, bateu, de forma rompante, numa imagem da "santa" comprada por ele mesmo afim de provar que aquele objeto não passava de um ídolo de barro, proferindo sentenças do tipo: "não é Deus coisa nenhuma", "será que Deus, o Criador do universo, pode ser comparado a um boneco desses, tão feio, tão horrível, tão desgraçado?", "um pedaço inerte de gesso"?
A Igreja Católica, no exercício de seus direitos lastreados na Constituição Federal, considerou o fato como ofensivo, e então, seguiu-se todo um alvoroço erigido pela mídia televisiva liderada pela Rede Globo, mais um capítulo da guerra Record x Rede Globo, desta feita revestido de piedade e de devoção aos ícones católicos.
O Bispo Von Helde foi indiciado na 27ª Delegacia de Polícia de São Paulo, acusado de vilipêndio a objeto de culto religioso (art. 208 do Código Penal) e estímulo ao preconceito religioso e posteriormente foi condenado, a dois anos e dois meses de prisão, apelando em liberdade por ser réu primário.
Edir Macedo, na qualidade de líder supremo da IURD, foi obrigado a efetuar pronunciamentos oficiais sucessivas vezes nas redes de televisão e rádio, e como solução interna transferiu o Bispo Iconoclasta para fora do País.
Todo este acontecido me veio à mente no último dia 27 de Junho, segunda feira, ao chegar a meu trabalho, ao ligar o computador e verificar que uma das principais notícias veiculadas na internet, foi o uso de imagens de santos católicos em situações homoeróticas pelos integrantes da passeata gay de São Paulo, ocorrida no dia anterior.
Observo o fato com perplexidade, pois é notório, o silêncio da imprensa, a passividade da Igreja Católica, a condescendência do povo brasileiro e a desproporcionalidade entre o tratamento dado ao Bispo Von Helder e os Gays deste Brasil petista, que vive uma verdadeira inversão de valores.
O fato, além de me deixar perplexo, está me levando realmente a acreditar que a PL 122, tem razão, ser gay neste país é realmente estar acima do bem e do mal. Pois, discutir idolatria no campo religioso, deu todo aquele estardalhaço em 1995, mas, vilipendiar ícones de devoção católica zombando e os tornando afeminados, sob o pretexto de se fazer propaganda de cunho homossexual, vem sendo encarado com tanta passividade, pela maior nação católica do mundo.
Você leitor que me conhece, deve estar repetindo uma frase ditas tantas vezes por mim: dois erros jamais darão um acerto, pois finalmente, chutar a santa, e desrespeitar as opções sexuais dos santos católicos são atitudes bem próximas, e de mesma tipificação no ordenamento jurídico brasileiro, contudo se for um gay acho que pode se fazer as duas coisas.
Pr. Jonas Silva.
Fonte: caminhando em santidade
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